A dor do fim

19/02/2014 15:27

Inúmeros relacionamentos na minha vida chegaram ao fim. Mas apenas dois deles me doeram de uma forma diferente. Não que os outros tivessem sido indolores, mas não me lembro de sentir o coração tão em pedaços como foram esses dois.

Pensando sobre eles, lembrei que muitos deles acabaram porque houve o interesse em outra pessoa, o que leva a ficarmos menos carentes e sem perspectivas, outros, por falta de ‘amor’ mesmo. E o que tinha nesses dois específicos que me doeram de forma diferente? Depois de tanto ter passado por isso, porque ainda dói? Será que quanto mais avançamos na escala da idade a dor fica maior? E fica maior pela cobrança da sociedade ou por nossa própria cobrança?

Talvez seja. Nesses dois específicos, o fim chegou numa fase em que eu tinha uma segurança afetiva confortável e de repente tive que enfrentar a trovoada. Sem noção do que iria acontecer depois. Foi como tempestades vindas repentinamente em pleno alto mar depois de se constatar calmaria e céu azul. O sentimento talvez tenha sido mais intenso que os dos outros, talvez eu tenha me sentido muito mais valorizada, mais musa, mais amada. E talvez por isso eu me visse casada?

Não é nada disso. Casamento não passava nem perto dos meus ideais com um deles. E pensando bem, os dois eram sujeitos bem diferentes. Ou talvez nem tanto. Os dois faziam de tudo para me agradar. Então seria isso? Onde eu vou encontrar alguém assim outra vez? Alguém que cuide de você até na velhice, que conheça seus gostos, manhas e desejos. Não é em qualquer esquina, vamos combinar.

A questão de que quanto mais velha ficamos, menos homens sobram no mercado é bem fato. E homens que estão dispostos a te tratar como merecemos é como jogar na loteria. E ai você se vê deixando um assim ir embora, como se deixasse disponível a caixa de joias herdadas pela sua avó. Para quem se identificar e usá-las.

A dor do desapego é inevitável. Dizem que é como um momento de luto, de encerramento, de renovação. Que as coisas que incomodam devem ser deixadas de lado, antes que fiquemos doentes. Que o tempo leva tudo embora, que a dor passa e voltamos a respirar tranquilas novamente.

E que o que é nosso de verdade sempre encontra um meio de chegar até a gente.