Alma gêmea

14/07/2014 20:05

Quando ele preferiu assistir ‘O último amor de Mr. Morgan’ no cinema, ao invés de uma comédia pastelão americana qualquer, tive a certeza de estar ao lado do homem com quem poderia passar o resto da minha existência sem grandes esforços. E a escolha nem teve influência minha, ou de qualquer outra pessoa. Ninguém disse a ele que o filme era bom. Ele simplesmente acertou.

Acertou em cheio como fez com outras coisas simples, sem importância muito aparente. Daquelas pequenas coisas que não damos atenção, mas enche nosso coração de alegria, de contentamento, e porque não, de paixão. Paixão que aos poucos vai transformando em algo bem mais intenso, mais forte, mais dolorido, o tal do amor.

E são essas pequenas atitudes, muitas vezes tão discretas, tão pequenas, tão despercebidas, tão nas entrelinhas, que fazem realmente um amor nascer de algo puro, verdadeiro, sem o pingo de interesse senão a companhia do ser amado, sem prisões, sem amarras.

A simples escolha do filme certo se sobrepôs, naquela situação, a qualquer atitude anterior reprovada por algum motivo e ao imprevisto que poderia frustrar os planos de qualquer casal apaixonado.

Foi marcante sim. Só não mais do que a opinião positiva dele sobre a obra cinematográfica. Ao ouvi-la, suspirei de paixão, meus olhos brilharam e apenas concordei. Não faria sentido dizer a ele naquele momento, que o grau de ‘paixonite’ tinha chegado a níveis extremos. Homens nunca entenderiam.

Pra ele, foi um dia qualquer num cinema qualquer e um filme qualquer escolhido ao acaso. Pra mim, foi quando o senti mais próximo, mais conectado, mais dentro de mim. Senti que aquele era o homem da minha vida.